Ramos Horta se prepara para voltar ao governo; Presidente Marcelo representa Portugal na posse em Díli

Marcelo Rebelo Sousa and Jose Ramos Horta

Rebelo de Sousa vai visitar pela primeira vez Timor-Leste por ocasião dos 20 anos da restauração da independência e da posse de Ramos-Horta como chefe de Estado Source: AAP

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"Estamos na fase final do processo da nossa adesão à Associação de Nações do Sudeste Asiático," diz Ramos Horta. O Presidente da República Marcelo Rebelo Sousa representa Portugal na posse em Díli.


José Ramos-Horta toma posse como sétimo Presidente de Timor-Leste às 0 horas de 20 de Maio, portanto, no mesmo dia mas 20 anos depois daquele em que Xanana Gusmão, diante de Koffi Anan, de Bill Clinton, de Megawati SukarnoPutri, de Jorge Sampaio, de António Guterres – todo o topo do estado português esteve presente – tomou então a posse como primeiro presidente da RDTL. Foi a posse do líder natural, Xanana Gusmão

O local da posse neste 2022 é o mesmo de há 20 anos  Tasitolu, nos arredores de Díli.

Portugal faz-se representar na posse pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por uma vice-presidente do Parlamento e pelo MNE.

Ramos Horta é visto em Portugal como um amigo. Portugal apoiou-muito na luta pela libertação de Timor.

Ramos Horta foi líder da resistência diplomática contra a ocupação indonésia, Prémio Nobel da Paz, ministro, primeiro-ministro e Presidente. Agora, aos 72 anos, e após uma década sem cargos governativos, foi eleito chefe de Estado, com 62% dos votos.

Em vésperas da posse, Ramos Horta deu uma longa entrevista a Bárbara Reis, do jornal Público.

Horta reconhece que nestes 20 anos, Timor “podia ter feito melhor”, mas não está “totalmente desapontado”. “Orgulho-me – diz ele - de ter um país democrático.” A tragédia de Myanmar, diz, “abriu os olhos” a quem tinha reservas em relação a Timor. Afinal, Timor-Leste “é mais estável, pacífico e previsível do que outros países de pleno direito da ASEAN”.

Explica o que é que o levou a candidatar-se à eleição que agora venceu:

“Em 2022, candidatei-me em parte por causa desta crise, que começou em 2017, por causa dos actos do Presidente Lu Olo, que têm excedido amplamente os poderes presidenciais — o Presidente não deu posse a um terço dos membros propostos para o Governo e não deu posse a uma nova coligação proposta por Xanana Gusmão, em 2020, quando Taur Matan Ruak se demitiu como primeiro-ministro, a seguir à proposta de Orçamento do Estado.

Para evitar eleições antecipadas, o Presidente Xanana tentou uma nova coligação e conseguiu formá-la, mas Lú Olo não quis dar posse e fez um novo arranjo dominado pela Fretilin. Perante esses factos, houve uma grande movimentação da sociedade civil de todo o país que me empurrou a candidatar-me. Também me candidatei – explica - porque estamos na fase final do processo da nossa adesão à [Associação de Nações do Sudeste Asiático]."
Then East Timorese President Ramos Horta and Foreign Minister Alexander Downer in Dilli, East Timor in 2007.
Then East Timorese President Ramos Horta and Foreign Minister Alexander Downer in Dilli, East Timor in 2007. Source: AAP
Perguntado sobre o que vai fazer como Presidente, Ramos Horta responde:

“Continuar o que comecei, em diálogo com os líderes, a sociedade civil e a Igreja, para continuar a estabilizar a situação política, tranquilizar a nossa sociedade. Ao mesmo tempo, dialogar com o Governo, o Parlamento, a sociedade civil e a comunidade internacional, para dinamizarmos a economia de uma forma pró-activa, tendo em conta a próxima adesão de Timor-Leste à ASEAN.

"Vamos fazer parte de uma região económica de 700 milhões de pessoas e quatro triliões de dólares de PIB. Timor-Leste vai ser um destino interessante para investidores daqui, da Europa, dos EUA. Enquanto país isolado, somos 1,3 milhões de pessoas. Fazendo parte da ASEAN, passamos a fazer parte de uma grande economia regional, que tem importantes acordos de comércio livre.”
CPLP
Aperto de mãos diplomático entre os presidentes Marcelo Rebelo de Sousa, Portugal, e João Lourenço, Angola. Source: AAP Image/EPA/JOAO RELVAS
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