Cerca de 16% dos residentes em Portugal vivem em pobreza

An elderly man crosses a deserted street in Lisbon.

Source: AAP

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Mais 19% da população enfrenta esse risco, mas o cenário melhorou nos últimos quatro anos.


O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento dos portugueses, promovido pelo oficial Instituto Nacional de Estatística, revela que 1,7 milhões de pessoas, o que significa 16% da população, vive em situação de pobreza.

E há mais 2 milhões, portanto 19%, em risco de pobreza.

Praticamente um terço dos trabalhadores e quase metade dos desempregados estão na pobreza. Baixas qualificações, baixos salários, filhos adultos sem emprego e doença na família explicam este doloroso retrato.

São números perturbadores mas que, mesmo assim, revelam alguma melhoria: no anterior inquérito, em 2017, as famílias em situação de pobreza ou exclusão social somavam quase 2,4 milhões de pessoas, ou seja, 23,3% do total da população portuguesa.

A perpetuação do modelo de baixa produtividade, de baixas qualificações e de baixos salários dificulta que os programas para neutralizar a pobreza tenham a eficácia pretendida.

Os empregados representam um terço dos pobres e o fator principal é a estrutura familiar, uma vez que o rendimento de um assalariado é dividido pelos elementos do agregado, que nas famílias pobres costuma ser maior e com várias pessoas sem qualquer remuneração.

Também persiste número elevado, cerca de 8% de desempregados, embora recebam subsídio do Estado. A maior parte das situações de desemprego remontam à crise de 2008- 2014, o que "sugere que não chegaram a recuperar do ambiente económico e social adverso que nessa altura se instalou, em especial para os não qualificados da construção civil".

Um dirigente político, o socialista Francisco Assis, presidente do Conselho Económico e Social, órgão que reúne representantes do governo, dos patrões e dos sindicatos alerta para uma realidade que importa cuidar: “há um problema também gravíssimo em Portugal como nalguns outros países europeus, que é o problema daquelas pessoas que estão a trabalhar, que têm emprego, que cumprem escrupulosamente as suas obrigações de trabalho e que têm rendimentos muitíssimo baixos".

Assis sublinha a necessidade de "uma discussão rigorosa sobre o assunto, sem grandes preconceitos de ordem ideológica, com dimensão naturalmente programática, percebendo o que está em causa e procurando também algum consenso para que sejam encontradas soluções".

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