Ex-namorado de Cecília Haddad confessou o crime, diz delegado em audiência no Rio

Cecilia Haddad

A próxima audiência está marcada para o dia 31 de outubro, no Rio de Janeiro, já manhã do dia 1 de novembro na Austrália. Source: AAP

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Segundo o delegado da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Santoro teria confirmado toda a dinâmica do assassinato em conversa informal.


Mário Marcelo Ferreira dos Santos confessou o assinato da ex-namorada Cecília Haddad enquanto estava preso, disse Fabio Cardoso Junior, delegado da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro, durante audiência pública no Rio de Janeiro nesta quarta-feira no Brasil, já madrugada de quinta-feira na Austrália.

"Em conversas informais, ele confirmou toda a dinâmica do assassinato", disse ele.

O delegado disse que Santoro discutiu com Cecília Haddad em seu apartamento e depois a estrangulou até a morte.

Cardoso também alegou que Santoro retornou ao local duas horas após o crime e colocou o corpo de Cecília Haddad em seu carro antes de partir.

O corpo foi encontrado mais tarde em Lane Cover River, em Sydney, no dia 29 de abril.

Durante todo o testemunho, Santoro permaneceu imóvel e não reagiu.

O delegado disse ainda que Santoro disse ao seu colega que a confissão não era um testemunho formal.

Uma vez interrogado na delegacia com seu advogado, Santoro se recusou a responder perguntas.

A polícia está agora tentando que o nome desse oficial seja adicionado à lista de testemunhas.

Cardoso também revelou que quando foi preso, Santoro ficou surpreso, porque acreditava que ele não poderia ser acusado pela polícia brasileira.

"O réu queria saber que foi preso no Brasil porque foi informado de que não poderia ser extraditado", disse ele.

A lei brasileira torna a extradição muito difícil, mas permite o julgamento de nativos no Brasil.

Foram ouvidas três testemunhas de acusação: o pai, a madrasta e o irmão da vítima, além do delegado da Divisão de Homicídios.

O pai de Cecília Haddad conteve as lágrimas ao prestar depoimento quando disse ao tribunal que sua filha estava com medo de Santoro.

Jose Ibrahim Haddad Junior alegou que Santoro não havia lidado bem com a separação, mas que Cecília Haddad havia permitido que ele continuasse morando em seu apartamento em Ryde, porque ele estava desempregado.

A madrasta de Cecília Haddad, Andrea Santos Haddad, disse ao tribunal que Santoro havia ameaçado Cecília Haddad.

"Recebi uma ligação de Cecília em desespero dizendo que ela não poderia ir para casa por causa dele", disse ela.

O irmão da vítima, João Haddad, disse ao tribunal que depois do desaparecimento tentou entrar em contato com a mãe de Santoro, que disse que o filho dela não estava no Brasil.

No entanto, ele disse ao tribunal cinco minutos depois, que recebeu um telefonema de Santoro, admitindo que ele estava no país.

Segundo os pais, Cecília queria se separar de Santoro, com quem residia há alguns meses em Sydney.

Eles já se conheciam do Brasil, desde a época de faculdade.

Mário Santoro a procurou em Sydney, onde ela tinha uma empresa de consultoria, porque estava desempregado.

Esta foi uma audiência de pré-julgamento em que quatro das sete testemunhas de acusação apresentaram provas.

O juiz Daniel Werneck Cotta decidirá se Santoro enfrentará um julgamento completo sobre as acusações de homicídio qualificado.

Se isso acontecer, o resultado será decidido por um júri popular.

Santoro é acusado de cometer o crime em abril antes de voltar para o Brasil.

Se for condenado, poderá enfrentar uma sentença de até 30 anos.

A audiência foi aberta à imprensa, fato pouco comum no Brasil.

Também nesta quarta-feira, o juiz aceitou o pedido feito pela defesa e determinou a transferência de Santoro para uma unidade prisional destinada a presos que tenham concluído curso de nível superior.

A próxima audiência está marcada para o dia 31 de outubro, às 17h, já manhã do dia 1 de novembro na Austrália, quando serão ouvidas outras testemunhas de acusação.

Duas delas, por morarem na Austrália, prestarão depoimento por videoconferência.

A mãe de Cecília Haddad deve ser ouvida também.

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