Brasileiros de Sydney mantêm viva cultura do samba e carnaval na Austrália

Bateria 61

Bateria 61 durante ensaio em Sydney. Source: SBS

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O grupo 'Bateria 61' foi criado em 2013 e conta com músicos não só do Brasil, mas de todo o mundo. Enquanto no Brasil, as comemorações oficiais do carnaval se encerraram neste final de semana com o 'desfile das campeãs', na Austrália os ensaios seguem a todo vapor.


As principais escolas de samba do Brasil voltaram ao Sambódromo do Rio de Janeiro e de São Paulo neste final de semana para o tradicional 'desfile das campeãs', encerrando com chave de ouro o Carnaval de 2022.
Por conta da COVID-19, o Carnaval foi cancelado no ano passado, e este ano foi adiado de fevereiro para abril.

E aqui na Austrália, apesar da distância, a comunidade brasileira local continua celebrando e homenageando as raízes do samba.

Os ensaios estão a todo vapor para o grupo de samba brasileiro, também conhecida como 'Bateria 61'. Com ritmos envolventes e pulsantes do carnaval, os brasileiros de Sydney fazem jus ao 'maior show do mundo'.

Membros brasileiros da 'Bateria 61' de Sydney dizem que é importante compartilhar a cultura brasileira com os australianos.
Leonardo Lousada é membro do grupo há 5 anos e fala sobre como é trazer o samba de perto para os aussies.

“Quando você fala sobre o Brasil é só sobre futebol ou praias... e eles não conhecem ou sabem muito pouco sobre a música. Então quando eles veem a bateria tocando, eles se apaixonam na hora. Eles pensam 'oh meu deus, isso é incrível’.”
Edgee Ribeiro está na Austrália há 30 anos, mas cresceu tocando em bandas de samba em sua terra natal, São Paulo.

“Samba no Brasil é uma coisa gigantesca, especialmente no carnaval. É bem forte e eu ainda tenho muito isso em mim, mesmo depois de todos esses anos! Dá alegria, digamos, e acho que é isso que me mantém indo e quero compartilhar isso o máximo que puder.”

O grupo foi criado em 2013 e conta com músicos não só do Brasil, mas de todo o mundo.

Os membros que não são brasileiros, como Pip Wittenoom, dizem que têm a responsabilidade de representar a cultura com autenticidade.

“Nós nunca podemos ser a réplica exata porque não é de onde viemos. Mas para nós, esta é a vida das pessoas e sua história que estamos tocando através da música, então queremos honrá-la com respeito da melhor forma que podemos.”

Os percussionistas das escolas de samba fornecem a trilha sonora contagiante e de alta energia para uma das festas mais extravagantes do mundo.

Edgee, que tocou com a escola de samba Vai Vai no Brasil, diz que os músicos são o coração do carnaval.

“Não existe carnaval sem bateria. É realmente avassalador, são 300 pessoas tocando ao todo, é bastante intenso.”

As origens do samba e da dança estão enraizadas na cultura africana, chegando ao Brasil através do tráfico de escravos da África Ocidental.

Instrutores de dança brasileiros, como Nandara Nerys, buscam compartilhar esse ‘significado por trás do movimento’.

Ela dá uma aula de ‘Raízes Brasileiras’ na Escola de Samba em Sydney.

“Afro é o começo de tudo. Você não pode ensinar só samba - você tem que entender de onde tudo veio. Eu acho que ensinar minha cultura e contar para as pessoas minha história e tudo sobre o Brasil historicamente e culturalmente falando, é meu maior prazer.”

A fundadora e diretora da escola, Sashya Jay, diz que o samba não é apenas composto passos e passistas extravagantes.

“Vem de suas raízes afrocêntricas - dos escravos africanos que foram levados para o Brasil, e foi sua luta, foi sua resistência, seu triunfo, sua alegria em tempos de luta que deu origem ao samba como cultura e dança e acho que esse é o denominador fundamental com o qual você tem que dançar samba - o sentido, a intenção.”

Ela acrescenta que a essência do carnaval pode se perder entre as imagens de desfiles reluzentes repletos de fantasias luxuosas.

“O mundo ocidental em geral ainda vê o samba como esse glamouroso caso de showgirl com penas e biquínis. No Brasil, a maioria dos sambistas não pode comprar uma fantasia porque são da comunidade e da favela – é aí que o samba vem. Nós realmente tentamos educar as pessoas e dizer 'não tenha tanta pressa para pegar a fantasia e colocá-la' – você tem que entender o que realmente significa colocar essa fantasia antes de fazê-lo, e então quando você dançar o samba, estará vindo do lugar certo.”

Escolas de samba trabalham e treinam por meses antes do Carnaval. Um trabalho árduo que, em geral, já começa logo após o final da apuração das notas do Caranaval anterior.

Durante o carnaval, as escolas de samba são julgadas pela forma como representam o tema escolhido – muitas vezes carregado de mensagens sociais.

“Eles estão gritando alto e orgulhoso 'isso é o que o Brasil realmente é, esta é a nossa luta, esta é a nossa luta e isso é o que nós vencemos'. E é o exemplo clássico de que não se trata de uma pessoa, e sim sobre todos.”

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